domingo, 8 de julho de 2012
Mulher não desiste
Tati Bernardi
terça-feira, 29 de maio de 2012
"Um amigo me chamou pra cuidar da dor dele, guardei a minha no bolso. E fui."
A imensidão do sentimento que faz neutralizar o nosso sofrimento para poder cuidar do sofrimento do outro, ajudar um amigo em desespero, tranquilizar o coração angustiado de quem se ama.
E quando não há mais saída, esse é o amor que nos faz unir a nossa dor à dor do amigo, e sofrer junto, estar lado a lado, pois não há nenhum sofrimento que não possa ser repartido com um amigo amado.
É difícil alcançar a neutralidade exigida para se colocar em segundo lugar e cuidar da dor de outra pessoa, mas os amigos, mais do que qualquer outro ser, fazem isso como se fosse fácil. Sem esperar algo em troca.
E sabem a dimensão do conselho, da palavra dita, do silêncio compartilhado, de cada lágrima...
Não é fácil ser AMIGO. É divino.
segunda-feira, 14 de maio de 2012
Amor de gente grande é assim
Amor com mãos e pés. Com dedos, braços, pernas, barriga, pele e abraços.
Um amor que surpreende, sem nada inventar, sem precisar exagerar, sem ter de sempre entender. Simplesmente ser... preencher, existir! Amor que não investiga, que não desconfia, que não acusa.
Amor de palavras, mas também de silêncio. Um silêncio que aquieta o coração, que acaricia a alma e alivia as dores! Amor que esvazia, que abre espaço, que permite.
Amor sem regras, sem pressões, sem chantagens. Amor que faz crescer.
Amor de gente grande, de coração gigante, de alma transparente.
Amor que permanece. De mim para mim, de mim para você, de você para mim.
Amor que invade respeitando, que adentra acariciando, que ocupa com leveza.
Amor sem ego. Que acolhe, perdoa, reconhece. Amor que desconhece para conhecer, que nunca lembra porque não esquece! Amor que é... assim, sem mais nem menos, sem eira nem beira, sem quê nem porquê.
Simplesmente simples, despretensioso, descontraído, desmedido.
De uma simplicidade tão óbvia que arrasta, que envolve, que derrete. De uma fluidez tão liquida que escorre, que desliza, que não cristaliza. Amor que não se pede, que não se dá, porque já é!
Para nunca precisar procurar, para nunca correr o risco de encontrar, porque já está! E o que quer que ainda possa surgir... besteira! Fique, permita-se, comprometa-se! Simplesmente amor... Você consegue?
quinta-feira, 10 de maio de 2012
Essa nossa vida passa, mas o amor que vivemos não.
'O motivo das pessoas desistirem tão rapidamente umas das outras é porque elas olham pra frente e se perguntam: será que vale a pena? Elas se esquecem de olhar pra trás e verificar o tamanho do que construíram juntas.'
Para tudo há seu tempo.Na solidão, queremos o aconchego de alguém.Na saudade, ansiamos o reencontro.No desânimo, a necessidade de um abraço.Na ansiedade, procuramos o AR.Na indiferença, o amor próprio e a autoestima.
Para o amor (o de verdade), um segundo.. ou um ano. Ou o tempo suficiente para decidir sobre questões, escolhas, renovação, transcendência, direções..
O tempo da aquietação do coração.O tempo da persistência.
Essa nossa vida passa, mas o amor que vivemos não.
quinta-feira, 26 de abril de 2012
Você não sabe o que passei.Não sabe como foi difícil entender o que estava acontecendo
quando você resolveu ir embora.Não sabe como eu chorei por muitos dias, de saudade.Não sabe como me desesperei vendo que você realmente não
iria aparecer.Não sentiu a dor que eu senti quando você não me atendia, ou
não me ouvia ao telefone.Não me viu perder o ar de madrugada, quando procurava seu
braço ainda dormindo e acordava percebendo que você não estava.Não me viu acordar de manhã e, logo ao abrir os olhos, fechar
de novo com força, esperando que tudo fosse um pesadelo horrível.Não sabe quantos dias passei em casa, sem conseguir sair nem
para me distrair um pouco.Não sabe como foram horríveis os pesadelos de verdade.Não sabe como foi difícil ouvir de todo mundo que o certo a
fazer era mesmo te esquecer.Não viu como foi difícil começar a tentar fazer isso de
verdade.Não sabe como eu sentia o coração doer a cada prova de que
você realmente não me queria mais.Aí eu tive que aprender a respirar sozinha. Entendi que você
não ia permanecer na minha vida, só no meu coração.E você não iria conseguir imaginar como isso foi complicado.Não viu como eu pensava em você em qualquer lugar que eu
estivesse.Não sabe como demorei a parar de falar de você pras pessoas.Não sabe como era estranho tentar olhar pros lados com
interesse.Não sentiu toda a carência que eu senti. Aquela carência
direcionada.Não viu como foi difícil beijar outra boca que não a sua.Não viu como eu demorei a conseguir olhar pra outros olhos.Não me viu encostar com estranheza em outro corpo, abraçar
com tanta dificuldade outro abraço.E depois não sabe como fui, com muita tristeza, me
acostumando à outra rotina, a outra pessoa, a outros carinhos.Aí pensei em tirar você do meu coração. As coisas começaram
a fazer sentido novamente.E você, bem nessa hora, passou a atender as minhas ligações.Você não sabe que foi bem nessa hora que começou a mudar de
idéia.Não viu que quando eu estava ajeitando meu coração, você
resolveu bagunçá-lo de novo.Não sabe o desespero que tomou conta de mim novamente,
quando fiquei sem saber como agir.Não sabe que eu pensei, repensei e trepensei.Não sentiu a vontade que seu senti, de sumir eternamente.Não percebeu que eu não tinha mesmo coragem de querer você
de volta.Não sabe o medo que senti, de passar por tudo de novo.Não sabe como foi difícil entender o que estava acontecendo.
²Não sentiu insegurança, desconfiança, nojo, saudade,
arrependimento, orgulho. Tudo misturado.Não sabe como é difícil agora, tentar passar por cima de
tudo que vivi e você não soube.Não sabe como é difícil pegar a queda, os choros, o medo, o
trauma... e jogar pela janela. Deixar de pensar em tudo que passou, tudo que
sofri. Deixar o coração aberto novamente pra você entrar.
terça-feira, 24 de abril de 2012
Re-amar
Remar.
Re-amar.
Amar."
terça-feira, 17 de abril de 2012
Pacotes da Psicologia Moderna I
O tal do BULLYING
sexta-feira, 30 de março de 2012
E de repente a vida te vira do avesso e você descobre que o avesso, é o seu lado certo...
segunda-feira, 12 de março de 2012
Rosas
É claro que a vida ensina a gente o caminho da felicidade.
A história da desilusão é sempre a mesma, pra todo mundo. O aprendizado que se leva dela é o diferencial. Muitas pessoas preferem sofrer e se desintegrar em lágrimas após uma desilusão (seja de qual tipo for).
Outras sofrem, sofrem até toda a tristeza ser colocada pra fora. Mas depois fazem uma força para, conscientemente, tirar uma lição da situação.
Nem toda a vida é feita de rosas. Isso é pra toda a humanidade.
Mas pode ser que a desilusão venha mesmo pra orientar. Pra mostrar novos caminhos. Pra clarear as idéias, ou extinguir dependências nocivas pra nós.
Acreditar 100% em todo o mundo não traz saúde pra ninguém. Claro que não podemos viver desconfiados de nossas sombras... Mas as dores da vida acabam “calejando” um pouco nossos pés. E assim o caminho fica menos arriscado daí em diante.
Desilusão não é fácil. É frustração misturada com tristeza, decepção, desorientação...
Mas que bom que a ficha cai! Que a visão clareia! Será que tem algum propósito?
Mas é claro que tem um propósito! A vida não faria isso com a gente pelo simples prazer em nos ver sofrer. Não pode funcionar assim.
Prefiro acreditar na beleza por traz disso, na magia. No auto-aprendizado pelos nossos erros e acertos. No renascimento das rosas, ainda mais bonitas.
sexta-feira, 2 de março de 2012
Sabe aquele passado que você não quer deixar pra trás?
Ciúme não é ex. Saudade não é ex, tampouco amor. Mas a vida da qual abrimos mão por um sonho (ou por um erro) é passado. E de escolhas e de perdas é feita a nossa história. Não há nada que se possa fazer a não ser carregar por um tempo um peso sufocante de impotência: eu escolhi que aquele fosse o último abraço. Agora é outra que se perde em ombros tão largos, tomara que ela não se perca tanto ao ponto de um dia não enxergar o quanto aquele abraço é o lado bom da vida. Da vida que te desemprega mesmo depois de tantas noites em claro e de tantos beirutes indigestos. Da vida que te abre uma porta que você jura ser a certa mas quando resolve entrar descobre duas crianças brincando na sala e uma mulher esperando no quarto. Da vida que te confunde tanto que você quer se afastar de tudo para entendê-la de fora. Da vida que te humilha tanto que você quer se ajoelhar numa igreja. Da vida que te emociona tanto que você não quer pensar. Da vida que te engana. Aquele abraço era o lado bom da vida, mas para valorizá-lo eu precisava viver. E que irônico: pra viver eu precisava perdê- lo. Se fosse uma comédia-romântica-americana, a gente se encontraria daqui a um tempo e eu diria a ele, que mesmo depois de ter conhecido homens que não gritavam quando eu acendia a luz do quarto, não amavam os amigos acima de, não espirravam de uma maneira a deixar um fio de meleca pendurado no nariz, não usavam cueca rosa, não cantavam tão mal e tampouco cismavam de imitar o Led Zeppelin, não tinham a mania de aumentar o rádio quando eu estava falando, não ligavam se eu confundisse italiano com espanhol e argentino, nomes de capitais, movimentos artísticos, datas de revoluções e nomes de queijo, era ele que eu amava, era ele que eu queria.
Tati Bernardi
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
Mulher que lê!
(Para uma leve descontraída)
Um casal sai de férias para um hotel-fazenda...
O homem gosta de pescar e a mulher gosta de ler.
Numa manhã, o marido volta de horas pescando e resolve
tirar uma soneca.
Apesar de não conhecer bem o lago, a mulher decide pegar
o barco do marido e ler seu livro.
Ela navega um pouco, ancora e continua lendo...
Chega um tenente da guarda ambiental do parque em seu
barco, para ao lado da mulher e fala:
- Bom dia madame. O que está fazendo?
- Lendo um livro, responde. (Pensando: será que não é óbvio?)
- A senhora está em uma área restrita em que a pesca é
proibida, informa.
- Sinto muito tenente, mas não estou pescando, estou lendo.
- Sim, mas, a senhora tem todo o equipamento de pesca. Pelo que sei a
senhora pode começar a qualquer momento. Se não sair daí
imediatamente terei de multá-la e processá-la.
- Se o senhor fizer isso terei que acusá-lo de assédio sexual.
- Mas eu nem sequer a toquei! diz o tenente da guarda ambiental.
- É verdade, mas o senhor tem todo o equipamento. Pelo que
sei, pode começar a qualquer momento!
- Tenha um bom dia madame - diz ele e vai embora.
Moral da história:
Nunca discuta com uma mulher que lê, pois certamente, ela pensa!
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Os males do século
“E ficamos nesse de vai não volta, nessa indecisão de uma certeza, de uma negação de uma vontade. Eu te amo e você me ama, mas o nosso amor não é o suficiente para nos unir. Precisamos de algo que ainda não temos, e talvez nunca venhamos a ter. Preciso ser minha antes de ser sua, e você precisa ser seu antes de ser meu. Mas você é da menina que mora na rua atrás da sua casa, e eu sou do cara que conheci em uma balada qualquer da vida. Somos tão diferentes, mas tão completos quando estamos um ao lado do outro. Poderíamos ser tão felizes, poderíamos ser tão amor.”
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Aquela saudade
“Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é a saudade. Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa. Doem essas saudades todas. Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã. Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber. Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio. Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia. Não saber se ela ainda usa aquela saia. Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada, se ele tem assistido as aulas de inglês, se aprendeu a entrar na Internet e encontrar a página do Diário Oficial, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua preferindo Malzebier, se ela continua preferindo suco, se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados, se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor, se ele continua cantando tão bem, se ela continua detestando o McDonald's, se ele continua amando, se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo! Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer. É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso... É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.
(Martha Medeiros) ?
Quando deixamos de nos reconhecer, de perceber nossas atitudes, deixamos de SER.
E parece que apenas existimos, sem SERMOS notados no meio do imenso universo. A mera existência sem propósito.
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Pensando em fazer terapia?
A terapia, de fato, só funciona se o sujeito estiver disposto a se engajar no processo. Diferente de um medicamento que pode ser administrado até com o paciente inconsciente, a terapia só funciona a partir do movimento do sujeito.
Isso não quer dizer que a pessoa tem de chegar absolutamente pronta, amadurecida e aberta no consultório. Muito pelo contrário, o vínculo de confiança que vai sendo construído no setting terapêutico é que dará o respaldo para que a pessoa vá se engajando responsavelmente em seu processo de autoconhecimento, no qual o psicólogo é coadjuvante… o sujeito é o ator principal.
Este mesmo processo, de responsabilidade e confiança, é de extrema importância também nos processos de tratamento dos casos patológicos como: pânico, depressão etc. Casos estes onde é possível a melhora significativa do paciente, levando-o a uma qualidade de vida para muito além do satisfatório, em muitos casos pode-se mesmo conseguir a remissão da doença.
Mas é preciso sim que o sujeito deseje e invista na terapia… assim como a lâmpada que precisa querer ser trocada.
Sabemos que infelizmente ainda existem alguns preconceitos contra a terapia, mas isso tem saído de cena a passos largos e cada vez mais se acredita no potencial de contribuição da psicologia no bem viver do sujeito.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Girassóis e Miosótis
O girassol é flor raçuda que enfrenta até a mais violenta intempérie e acaba sobrevivendo . Ela quer luz e espaço e em busca desses objetivos, seu corpo se contorce o dia inteiro. O girassol aprendeu a viver com o sol e por isso é forte .
Já o miosótis é plantinha linda, mas que exige muito mais cuidado. Gosta mais de estufa. O girassol se vira... e como se vira! O miosótis quando se vira, vira errado. Precisa de atenção redobrada.
Há filhos girassóis e filhos miosótis. Os primeiros resistem a qualquer crise: descobrem um jeito de viver bem, sem ajuda. As mães chegam a reclamar da independência desses meninos e meninas, tal a sua capacidade de enfrentar problemas e sair-se bem.
Por outro lado, há filhos e filhas miosótis, que sempre precisam de atenção. Todo cuidado é pouco diante deles. Reagem desmesuradamente, melindram-se, são mais egoístas que os demais, ou às vezes, mais generosos e ao mesmo tempo tímidos, caladões, encurralados. Eles estão sempre precisando de cuidados.
O papel dos pais é o mesmo do jardineiro que sabe das necessidades de cada flor, incentiva ou poda na hora certa. De qualquer modo fique atento. Não abandone demais os seus girassóis porque eles também precisam de carinho... e não proteja demais os seus miosótis.
As rédeas permanecem com vocês... mas também a tesoura e o regador. Não negue, mas não dêem tudo que querem: a falta e o excesso de cuidado matam a planta ...
José Fernandes de Oliveira - Pe. Zezinho
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Acho que a maioria de nós quer ser girassol! Mas quer filhos miosótis.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.
Ter consciência do peso da minha palavra, usá-la da melhor forma que for possível.
Viver o privilégio de poder ajudar as pessoas a serem puramente mais felizes, de ser única na vida de alguém, com a minha palavra.
Que assim seja, que seja doce!
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Lá onde a identidade individual se apaga, não há nem punição nem recompensa. - Junger, Ernst
E assim, fica o vazio...
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Ansiedade.com.br
Depoimento realíssimo
Em algum dia aparentemente comum você percebe sentir algo estranho, tenta desviar a atenção, mas aquela sensação esquisita parece te acompanhar e sugar suas energias. Talvez você já tenha passado por isso alguma outra vez, mas se distraiu e a sensação foi simplesmente embora, mas dessa vez você sente que aquilo começa a te deixar em pânico ,tira seu fôlego e começa fazer você perder o controle. Comigo foi assim, eu me encontrava em uma situação complicada na minha vida pessoal e social. Nunca pude imaginar que isso me faria quase enlouquecer, mas em uma noite qualquer, num restaurante na cidade de Pontevedra (Espanha) pela primeira vez a ansiedade me pegou.
Lá estava eu esperando minha lasanha. Já me sentia algo incômoda mas tentava me distrair enquanto conversava, quando me serviram o prato e ao invés de começar a comer, comecei a enrolar e fazer tentativas. Algo me dizia: ”Se você colocar uma só colherada na boca vai vomitar e todo o mundo vai te olhar …”
Fiquei com medo, me sentia fria e pálida. Então me levantei e fui até o lavabo e quando me olhei no espelho me vi completamente branca, sem cor nos lábios, olheiras e fria como um defunto.
Na volta, a presença das pessoas me dava medo. Eu não sabia porque, mas apenas quis ir embora, sem tocar na lasanha.
Quando sai daquele lugar, parecia que estava no céu. Mas não durou muito tempo; No mesmo dia, quando outra vez eu estava em público tive a primeira crise de ansiedade.
Minhas mãos suavam frio. Tive tontura, náuseas e uma série de coisas que se alternavam a cada segundo. Eu sinceramente pensei que estivesse morrendo e tudo aquilo só acabou depois de ir ao hospital, tomar um trankimazin 0,5 (um tipo de ansiólitico) e ir pra casa dormir. Porém desde então, paguei muitos micos, fiz muitas visitas à urgências e deixei de fazer muitas coisas por medo de voltar a passar por uma crise em público.
Nas primeiras vezes, os médicos deram o diagnóstico da seguinte forma: Crise de ansiedade. Mas logo depois eu já comecei a apresentar o medo de estar em meio às pessoas, sendo caracterizado como agorafobia. E ainda tendo sofrido pouco cheguei ao ponto que considerei o pior de todos: Síndrome do pânico e ansiedade generalizada. Ou seja, uma louca de pedra.
No entanto, mesmo sabendo do meu problema e sabendo que ele era psicológico, diante de uma crise eu não tinha controle e lá estava eu montando os mesmos espetáculos. Tinha medo de morrer. Tinha sinais que me levavam a pensar estar doente. Cada dia era uma coisa diferente, entre elas sentir que um lado da minha cabeça estava dormente e fria, ou que meu coração estava acelerado demais, tonturas e uma falta de ar incrível. Para todos esses sintomas eu encontrava uma explicação: um dia achava que tinha um tumor cerebral, HIV, leucemia, câncer. Fiz inúmeros exames e todos eram negativos, pois o que eu tinha era uma imensa depressão e uma grande solidão, que afetavam bruscamente meu estado psicológico, me causando medo até de entrar no trem para ir trabalhar.
Ao final foram mais de dois anos nessa angústia. Eu chegava a ter pena de mim por ser jovem e ter que passar por tudo aquilo. Mas hoje posso dizer que já não tenho mais crises de nenhum tipo, embora tenha alguns medos sem muita lógica, mas acredito que isso já faça parte do meu caráter e da minha personalidade.
Sentia muita raiva que as pessoas pensassem que eu era usuária de drogas, quando não era. Quando eu dizia sofrer de ansiedade, as pessoas pensavam que ansiedade leva você a comer demais e que não provoca crises. Sinto raiva até hoje que as pessoas não entendam o quanto isso é difícil e que os ansiosos ouçam: “Você precisa se controlar...”
Texto de: Cleide com L
Vai saber
Ele pode estar olhando as suas fotos . Neste exato momento . Porque não ? Passou-se muito tempo . Detalhes se perderam . E daí ? Pode ser que ele faça todas as coisas que você faz . Escondida . Sem deixar rastro nem pistas . Talvez ele faça aquela cara de dengoso e sinta saudade do quanto você gostava disso. Ou percorra trajetos que eram seus, na tentativa de não deixar que você se disperse das lembranças . As boas . Por escolha ou fatalidade, pouco importa, ele pode pensar em você . Todos os dias . E ainda assim preferir o silêncio . Ele pode reler seus bilhetes, procurar o seu cheiro em outros cheiros . Ele pode ouvir as suas músicas, procurar a sua voz em outras vozes . Quem nos faz falta acerta o coração como um vento súbito que entra pela janela aberta . Não há escape . Talvez ele perceba que você faz falta . E diferença . De alguma forma, numa noite fria . Você não sabe . Ele pode ser o cara com quem passará aquele tão sonhado inverno em Paris . Talvez ele volte...