E assim, fica o vazio...
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Lá onde a identidade individual se apaga, não há nem punição nem recompensa. - Junger, Ernst
E assim, fica o vazio...
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Ansiedade.com.br
Depoimento realíssimo
Em algum dia aparentemente comum você percebe sentir algo estranho, tenta desviar a atenção, mas aquela sensação esquisita parece te acompanhar e sugar suas energias. Talvez você já tenha passado por isso alguma outra vez, mas se distraiu e a sensação foi simplesmente embora, mas dessa vez você sente que aquilo começa a te deixar em pânico ,tira seu fôlego e começa fazer você perder o controle. Comigo foi assim, eu me encontrava em uma situação complicada na minha vida pessoal e social. Nunca pude imaginar que isso me faria quase enlouquecer, mas em uma noite qualquer, num restaurante na cidade de Pontevedra (Espanha) pela primeira vez a ansiedade me pegou.
Lá estava eu esperando minha lasanha. Já me sentia algo incômoda mas tentava me distrair enquanto conversava, quando me serviram o prato e ao invés de começar a comer, comecei a enrolar e fazer tentativas. Algo me dizia: ”Se você colocar uma só colherada na boca vai vomitar e todo o mundo vai te olhar …”
Fiquei com medo, me sentia fria e pálida. Então me levantei e fui até o lavabo e quando me olhei no espelho me vi completamente branca, sem cor nos lábios, olheiras e fria como um defunto.
Na volta, a presença das pessoas me dava medo. Eu não sabia porque, mas apenas quis ir embora, sem tocar na lasanha.
Quando sai daquele lugar, parecia que estava no céu. Mas não durou muito tempo; No mesmo dia, quando outra vez eu estava em público tive a primeira crise de ansiedade.
Minhas mãos suavam frio. Tive tontura, náuseas e uma série de coisas que se alternavam a cada segundo. Eu sinceramente pensei que estivesse morrendo e tudo aquilo só acabou depois de ir ao hospital, tomar um trankimazin 0,5 (um tipo de ansiólitico) e ir pra casa dormir. Porém desde então, paguei muitos micos, fiz muitas visitas à urgências e deixei de fazer muitas coisas por medo de voltar a passar por uma crise em público.
Nas primeiras vezes, os médicos deram o diagnóstico da seguinte forma: Crise de ansiedade. Mas logo depois eu já comecei a apresentar o medo de estar em meio às pessoas, sendo caracterizado como agorafobia. E ainda tendo sofrido pouco cheguei ao ponto que considerei o pior de todos: Síndrome do pânico e ansiedade generalizada. Ou seja, uma louca de pedra.
No entanto, mesmo sabendo do meu problema e sabendo que ele era psicológico, diante de uma crise eu não tinha controle e lá estava eu montando os mesmos espetáculos. Tinha medo de morrer. Tinha sinais que me levavam a pensar estar doente. Cada dia era uma coisa diferente, entre elas sentir que um lado da minha cabeça estava dormente e fria, ou que meu coração estava acelerado demais, tonturas e uma falta de ar incrível. Para todos esses sintomas eu encontrava uma explicação: um dia achava que tinha um tumor cerebral, HIV, leucemia, câncer. Fiz inúmeros exames e todos eram negativos, pois o que eu tinha era uma imensa depressão e uma grande solidão, que afetavam bruscamente meu estado psicológico, me causando medo até de entrar no trem para ir trabalhar.
Ao final foram mais de dois anos nessa angústia. Eu chegava a ter pena de mim por ser jovem e ter que passar por tudo aquilo. Mas hoje posso dizer que já não tenho mais crises de nenhum tipo, embora tenha alguns medos sem muita lógica, mas acredito que isso já faça parte do meu caráter e da minha personalidade.
Sentia muita raiva que as pessoas pensassem que eu era usuária de drogas, quando não era. Quando eu dizia sofrer de ansiedade, as pessoas pensavam que ansiedade leva você a comer demais e que não provoca crises. Sinto raiva até hoje que as pessoas não entendam o quanto isso é difícil e que os ansiosos ouçam: “Você precisa se controlar...”
Texto de: Cleide com L
Vai saber
Ele pode estar olhando as suas fotos . Neste exato momento . Porque não ? Passou-se muito tempo . Detalhes se perderam . E daí ? Pode ser que ele faça todas as coisas que você faz . Escondida . Sem deixar rastro nem pistas . Talvez ele faça aquela cara de dengoso e sinta saudade do quanto você gostava disso. Ou percorra trajetos que eram seus, na tentativa de não deixar que você se disperse das lembranças . As boas . Por escolha ou fatalidade, pouco importa, ele pode pensar em você . Todos os dias . E ainda assim preferir o silêncio . Ele pode reler seus bilhetes, procurar o seu cheiro em outros cheiros . Ele pode ouvir as suas músicas, procurar a sua voz em outras vozes . Quem nos faz falta acerta o coração como um vento súbito que entra pela janela aberta . Não há escape . Talvez ele perceba que você faz falta . E diferença . De alguma forma, numa noite fria . Você não sabe . Ele pode ser o cara com quem passará aquele tão sonhado inverno em Paris . Talvez ele volte...